Entrevista: Isabella Mariano

Lívia Corbellari
3 min readMay 11, 2019

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A poesia de Isabella Mariano é feita de sutilezas, são pequenas doses de sentimento que precisam ser bebidas num gole só. A escritora que já teve alguns poemas publicados na Revista Graciano lança agora o seu primeiro livro, Gotas, dividido em três capítulos:Conta-gotas, Goteira e Chuva, que reúne textos escritos entre 2008 e 2013.

Apesar de os poemas terem sido escritos em épocas diferentes, o conjunto presente em Gotas é bastante coeso. “Essa coesão, de certa forma, já existia nos poemas. Percebi uma tendência minha, por isso não foi difícil fechar o conceito do livro”, explica Isabella. A obra foi toda financiada por um edital da Secretaria de Cultura do Estado e a escritora preferiu publicá-lo de forma independente, sem editora.

Livros por Lívia — Como foi essa experiência, publicação por edital mas independente de editora?

Isabella Mariano — Bom, foi realmente trabalhoso. Fiz boa parte sozinha, tentando entender como funciona esse mundo da publicação de livros. Os caminhos foram os lógicos: fechar conteúdo, ilustrar, diagramar, solicitar número de publicação, fechar tiragem, formato, papel e imprimir. Colocando assim, fica simples. Mas é tudo muito trabalhoso e demanda tempo. Eu fui minha própria editora, ilustradora, diagramadora, assessora. O resultado da Secult saiu em setembro e o deadline era em novembro (pedi prorrogação), então tive que correr para conseguir finalizar o livro e as outras atividades previstas.

Mas, nesse caminho longo, quem me ajudou bastante foi meu orientador Erly Vieira Jr e meus grande amigos Gabriel Ramos e Anna Catharina Izoton. A publicação independente é bem complicada, quando não se entende os processos burocráticos — como foi o meu caso. Fui aprendendo, sem medo de perguntar e parecer boba. Aprendi muita coisa e espero poder passar por isso outras vezes.

LL — Como foi o processo para reunir esse volume de poemas em um livro que parece um conjunto tão coeso?

IM — Obrigada (risos) Bom, eu já tinha boa parte do conteúdo pronto, já que são textos escritos desde 2007/2008. Mas alguns, são inéditos, que escrevi somente para o livro. Outros, foram reformulados. Quem esteve comigo nessa foi o Erly Vieira. Ele me orientou na ordem, na posição dos desenhos e, até mesmo, em tirar alguns poemas.

Mas o legal é que essa coesão, de certa forma, já existia nos poemas. Percebi uma tendência minha, por isso não foi difícil fechar o conceito do livro. “gotas”, penso, é algo inevitável em e para mim.

LL — O poeta Gabriel Ramos que escreveu o prefacio, como foi esse convite?

IM — Gabriel é um amigo que tenho há uns quatro anos e ele ter publicado o livro “longevo quando” no ano passado me influenciou e me estimulou bastante. Sempre o admirei e logo que tive a ideia de escrever o projeto do “gotas” ele foi o primeiro a saber, depois do Erly. E os dois me ajudaram a escrever o projeto.

Gabriel conhece meus poemas há um bom tempo e sempre me incentivou a escrever. Não consegui pensar em outra pessoa para escrever o prefácio. Ele, lá da Irlanda, escreveu o texto e me enviou. Achei lindo.

LL — Vejo nos seus poemas um pouco de tristeza, ironia e ate mesmo um certo humor, mas como você vê a sua poesia?

IM — Acho que você está certa. (risos). Sinceramente, sempre achei o que eu escrevia muito ruim. Depois que entrei no Cronópio, um grupo de produção e discussão literária que existia na Ufes, comecei a ver meus poemas de uma forma diferente. Comecei a admirar, a refazer, a jogar fora. Enfim, comecei a me relacionar com meus poemas de uma maneira mais íntima e afetiva.

Acho que existe uma tristeza sim, e, ao mesmo tempo, existe graça. Existe prisão, mas também libertação. Enfim, acredito que tracei um caminho no livro que é o caminho da minha vida. Mas espero que as pessoas não leiam a minha vida, mas sim as suas próprias.

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